No passado domingo realizou-se o já habitual convívio de pesca da matança porco na Bordinheira, este é mais um dia de festa nesta colectividade, onde temos um enorme prazer de convidar e receber todos os amigos da pesca e da colectividade, para desfrutarem de um dia de pesca diferente, de muita amizade e acima de tudo da boa e típica comida da matança do porco.
Como de costume fiz questão de participar e ajudar na matança dos porcos no dia anterior, mesmo sem grande tempo disponível lá dei um saltinho, esta é para mim uma das partes mais importantes e animadas na organização deste convívio.
A 2ª parte vem no dia seguinte, a pesca propriamente dita, a almoçarada bem como o convívio.
A aventura começa agora, como mudava a hora de sábado para domingo, antes de me deitar fiz questão de mudar a hora antes de me deitar, ou seja atrasei uma hora no relógio e no telemóvel, coloco o despertador para as 5 da manhã para tomar o pequeno almoço e arrumar o material tudo nas calmas, apanhar boleia do meu pai ás dez pás 7 e fui dormir descansadinho.
Toca o despertador, levanto-me bem ensonado e começo a vestir-me, «Mas que horas são?» pergunta-me a minha Maria, «São 5 horas» digo eu, olha que no meu telemóvel já são 7 horas, diz ela, vou até à cozinha e na televisão confirmo que eram mesmo 7 horas, fo#"$se, ca##!$o estou mega atrasado, em vez de adiantar o reógio, tinha atrasado uma.
Sem tomar pequeno almoço, arrumo as tralhas, canas, baldes, engodo e isca, visto o fato neoprene a correr e saio de casa, já o meu pai estava farto de esperar, se há coisa que detesto é começar o dia de pesca em correria, atrasado e ainda por cima fazer os outros esperarem por mim, não podia ter começado da pior maneira, que stress.
Cheguei à concentração praticamente na hora de ir para o mar, nem deu para falar com a malta conhecida, apenas combinei com os meus companheiros de jornada o Gonçalo Santos e o Hélder Luca onde íamos pescar.
Com o rumo traçado lá fomos, o dia chuvoso não animava muito, Porto Chão era o destino, a descida sinuosa e um pouco escorregadia devido à chuva, foi tarefa difícil na estreia dos meus colegas neste pesqueiro, mas conseguimos chegar ao mar, que estava do meu agrado, um pouco mexido, boa cor e maré vazia, tudo ao jeito para uma boa jornada.
Montamos as pescas, o Gonçalo e o meu pai foram mais para norte pescar à chumbadinha, eu o Hélder fomos para a nossa pesca de bóia, o objectivo deste dia não era ganhar, mas sim tentar com que o meu discípulo/aluno ganhasse.
Para quem não sabe, o Hélder é um grande amigo que fiz graças a umas pequenas dicas que lhe dei quando um dia o encontrei a pescar nos Coxos num final de tarde, nunca me vou esquecer, essas dicas surtiram efeito imediato, ele apanhou uma carrada de carapaus e cavalas num instante.
Ele já pescava, mas faltava aqueles pequenos e simples toques que fazem toda diferença, tais com iscar correctamente com sardinha, os anzóis mais propícios e uma bóia mais ligeira, combinamos depois muitas mais pescarias, e ganhei ali um amigo daqueles muito especiais.
Aproveito para deixar um pensamento para aqueles pescadores que se julgam os supra sumo da pesca, se fecham em copas e tem medo de ensinar o que aprenderam, nem sabem o que perdem por serem assim, podem perder amizades destas.
Mas voltemos à pesca, preparo o pesqueiro e toca de por as bóias de molho, depressa o peixe deu sinal, foram saindo uns sargos jeitosos e alguns peixes a desferrar, uns para mim outros para o Hélder, dando eu sempre prioridade ao aluno e ajudando nas suas capturas, hoje era o seu dia e ele estava de mão quente.
A pesca estava bastante animada com bom peixe no pesqueiro, e uma ou outra salema e tainha fomos compondo o ramalhete, com o encher da maré fomos obrigados a recuar e os sargos deixaram de picar, apenas eu fui tirando umas tainhas, o meu pai e o Gonçalo iam semeando chumbadas no mar, era umas atrás das outras.
A prova caminhava para o final, a chuva que caiu copiosamente, ia-se intensificando, peguei no balde de engodo e fui para norte onde ainda apanhei um robalo jeitoso, de repente começa a chover um aguaceiro acompanhado de muito vento, de tal maneira que deixamos de pescar, a agua era tanta que corria em cascata pelas arribas em direcção ao mar, esbarrentando de imediato as aguas, a pesca estava feita.
Devido ao mau tempo mau tempo não deu para tirar fotos do peixe no pesqueiro, mas em casa tirei apenas ao meu peixe, as tainhas e salemas não aparecem.
Arrumamos as tralhas pois tínhamos uma complicada tarefa pela frente, subir em segurança a arriba de Porto Chão, enlameada e escorregadia daquela maneira não ia ser nada fácil, eu estava a vontade, mas os principiantes no neste pesqueiro não, o meu pai subiu aqui, e depois foi de carro ao nosso encontro.
Para fazer a subida de forma segura pensei em subir mais a sul na Ursa, a chuva já abrandara mas o terreno esta perigoso, eu tinha a responsabilidade de os tirar dali sem ninguém se aleijar, vou andando até lá, mas quando lá chego a maré já não permitia passar até ao inicio da subida, ja transpirava por todos os lados, tive de passar a um 3º plano, uma subida alternativa a meio caminho(Vale D´asma) foi a solução.
Carregados com as tralhas lá fomos subindo, fui dando as indicações para subir da melhor maneira, a longa e íngreme subida fazia moça, finalmente chego lá acima, pousei as minhas tralhas e volto a descer até meio caminho para ajudar o Hélder que já estava de rastos, meto a mochila pesadíssima dele às costas e com esforço acabamos todos a escalada, objectivo comprido, bastante enlameados e exaustos chegarmos ao carro todos sem ninguém se aleijar, mas que aventura esta!!!
Este ano contamos com 180 participantes no almoço, 96 dos quais pescadores, a chuva intensa e mar forte que, inevitavelmente, produziram umas dezenas de "grades", produziram também uma vontade enorme de chegar á mesa "das entradas" e depois, com mais calma, à refeição completa, que até tinha duas qualidades de sopa à escolha, também foram servidos dois pratos diferentes, serrabulho e porco do espeto com arroz e batata frita, não podiam faltas as cagarraças(filhós doce feita com sangue do porco), e variados doces para sobremesa.
Num dia de muitas grades e onde a classificação não era o mais importante o pódio ficou da seguinte maneira, em 1º lugar Paulo Marques, com um sargo e 21 salemas, pescadas inevitavelmente no Cavalinho, totalizou 23700 pontos, para ele os meus parabéns.
Eu acabei por ficar em 2º com 15750 pontos, e a fechar o pódio ficou o meu aluno Hélder com 14540 pontos, que se portou muito bem, não fosse o robalo tirado a acabar tinha dado porrada no professor.
De referir a participação de duas senhoras, a pescadora Cátia e uma "pescadora" iniciada, Joana, que perante as dificuldades do tempo e do mar não obtiveram capturas, mas foram igualmente agraciadas com uma recordação do evento, prémios entregues pelo sr Silvino, representante da Silfesan, patrocinador oficial da secção de pesca da Bordinheira para a temporada 2014.
Este foi um dia onde a animação, comida, bebida, e amizade não faltaram, onde penso que todos saíram satisfeitos, pelo menos essa foi a nossa intenção.
Não posso deixar de agradecer a todos os participantes, e a todos que ajudaram para que fosse possível realizar este evento, uma grande equipa, que mais uma vez esta de parabéns.
Fica já feito o convite para todos os pescadores participarem dia 11 de Maio, no nosso concurso anual de pesca, venham e tragam um amigo, que este ano vai ser de arromba, a secção de pesca completa 10 anos.