Bom tinha parado o relato na parte da festa da Ponte do Rol, já eram perto das 4 da manhã de domingo, saio da festa vou até casa para dormitar uma horita.
Mas não estava bem, a cabeça a pensar na pesca, tinha de montar 2 canas para aproveitar ao máximo as 3 horas iniciais da pesca, que seriam quanto a mim as melhores e mais produtivas, ia fazer uma directa, sem dormir um minuto que fosse.
Voltei a casa do meu pai, vesti a farda de pesca, mala às costas e as 2 canas na mão, deixo um recado na mesa da cozinha, «Já levei as coisas, apenas tens de levar o engodo e isco que está no quintal, o resto tenho comigo».
O engodo já tinha sido tirado para a pescaria de sábado, como não foi utilizado, já estava mais que descongelado, o isco era sardinha que também já tinha sido descongelada para a mesma pesca e tinha voltado para o congelador.
O engodo já tinha sido tirado para a pescaria de sábado, como não foi utilizado, já estava mais que descongelado, o isco era sardinha que também já tinha sido descongelada para a mesma pesca e tinha voltado para o congelador.
Tinha ficado tudo combinado, o meu pai apanhar o Juan no hotel, pois eu teria de estar no clube para receber os participantes, tratar das inscrições e receber pagamentos, 2kms a pé até à Bordinheira, por volta das 5 da manhã estava lá, sem material preparado, tinha de o fazer antes de começar a chegarem os primeiros participantes.
Como de costume preparei 2 canas, uma com fio mais grosso, 0,18mm e bóia de 7grs, e outra com fio mais fino, 0,16mm e bóia de 3grs, entretanto chega o pessoal responsável pelo pão e começam a acender os fornos, pão caseiro para a malta não pode faltar.
Como podem ver isto de organizar convívios dá muito trabalho, só com uma grande equipa de trabalho se chega a bom porto.
Como podem ver isto de organizar convívios dá muito trabalho, só com uma grande equipa de trabalho se chega a bom porto.
Os primeiros participantes começavam a chegar, inscrições de ultima hora e a azafama do costume, despachar papeladas e pagamentos de quase 230 pescadores é obra, mas com uma boa equipa tudo se resolveu.
Não houve tempo para conversas matinais e prognósticos como tanto gosto.
Faltou tempo para receber alguns dos pescadores como deve ser, principalmente aqueles que convidei, que pela 1ª vez participavam num convívio destes e não sabiam muito bem como funcionava, para eles um pedido de desculpas.
Tudo a postos para o sorteio, começavam a sair os primeiros pescadores para o mar, eu fui quase dos últimos a sair, mas sem stress, para mim tudo o que se tinha passado até agora já era uma vitória, superamos largamente a faixa dos 200 pescadores, foram precisamente 228.
Tinha como companheiro de pesca e adversário(he he he...), um pescador que veio de propositadamente da Suiça para pescar e conviver connosco, tudo isto já era uma vitória, a juntar a isto muitos outros pescadores que vieram através do conhecimento e divulgação que faço no blog, a quem agradeço muito.
Tinha como companheiro de pesca e adversário(he he he...), um pescador que veio de propositadamente da Suiça para pescar e conviver connosco, tudo isto já era uma vitória, a juntar a isto muitos outros pescadores que vieram através do conhecimento e divulgação que faço no blog, a quem agradeço muito.
Finalmente lá arrancamos para o pesqueiro, eu o meu pai e o Juan, pensando no tipo de pesca ao pião do Juan, optei por descer na Ursa, de modo a que tivesse a pescar em cima de uma pedra alta em segurança, com alguma fundura de agua onde pudesse pescar sem molhar os pés e quem sabe matar algum peixe.
Foto: José Caetano
Chegados à descida para o spot, estava lá o companheiro António Mesquita Guimarães com a sua companheira, tinha dado com o pesqueiro que lhe aconselhara, estavam também muitos mais carros de pescadores que já tinham descido, calmamente preparamos a descida, para o Juan não foi fácil, a idade não perdoa, mas lá chegamos a baixo, o pesqueiro estava lotado e um pouco areado para o meu gosto, perguntei ao Juan se ele se importava que o deixasse ali e fosse procurar um canto mais sossegado, ele como competidor disse animadamente, «Hoy no nos conocemos», posto isto lá fui eu.
Mirando a norte, olho para Porto Chão e não via quase pescadores, pensei é mesmo para lá que vou, desço a pedra da Ursa, onde estava o António Guimarães um pouco desorientado, não conhecia a zona, troquei mais umas impressões e tentei ajudar como sempre faço.
Depois disto fui andado, cheguei ao pesqueiro, já alguns estavam a pescar, preparo o engodo, uns filetes de sardinha na caixa à cintura, optei pela pesca mais fina, cana com fio 0,16mm e bóia de 3 grs, com tudo a postos vou para a Pedra do Saltadouro, pesqueiro que sei como funciona bem com o mar que estava.
Depois de engodar bem, comecei a pescar, depressa os sargos deram sinal, muito peixe miúdo a desiscar, alguns ferrados e devolvidos, volta e meia lá vinha um com medida para o saco, o peixe estava bem manhoso, o vento soprava da terra com alguma intensidade, quando assim é por norma os peixes ficam manhosos e comem mal.
Com a maré a virar lá continuei na mesma toada, nada de extraordinário, mas lá ia caindo um ou outro peixe com mediada, algumas tainhas, e mais uns sargotes, já com o mar a sacudir-me de cima da pedra, ferro um bom sargo que após umas arrancadas acabou no saco, novo lance e mais um idêntico, desta feita desferrou, não dava mais para lá estar e fui mesmo obrigado a recuar.
Já com a pesca bem encaminhada com 12 peixes na lata, o animo estava em altas, pois contava fazer mais uns 2 ou 3 peixes no pesqueiro atrás do 1º, mas incrivelmente nem um toque senti, nova mudança de pesqueiro, e mais uma vez sem resultados.
Como não sou de desistir, fui em busca de algum peixe mais a norte, por trás do Penedo do Zé Russo, perto do meu pai, a pescaria aproximava-se do final e com pouco mais de uma hora para pescar lá consegui ainda matar mais 4 peixes, uma tainha e 3 sargos.
Como estava longe do carro, deixei de pescar 20 minutos antes do final, e pus-me a caminho, satisfeito com a pescaria, no total tinha 16 peixes, 5 tainhas e 11 sargos, quando cheguei ao carro lá estava o Juan, olhou para a pesca e disse que era para ganhar, ao pé dele apenas tinham saído 2 ou 3 peixes, eu achava insuficiente, mas???
O meu pai e o Juan não conseguiram safar a grade e ficaram a zeros, não podia deixar de tirar algumas conclusões sobre o tipo de pesca do Juan, aqui não resulta, pelo menos daquela maneira, cada zona tem as suas características e maneiras diferentes de pescar, a maneira que pesco aqui não se aplica noutros pontos do país, ao longo de algumas pescarias que realizei fora desta zona já tirei essas conclusões.
Agora era seguir para a sede da Bordinheira, entregar o peixe e saber dos resultados dos outros pescadores, com o tempo a passar, não se vislumbrava grandes sacadas de peixe o que me deixava com boas hipóteses de ganhar.
Depois da pesagem feita era hora de saciar a fome, todos bem instalados, com o estômago já forrardo com as entradas, ainda veio uma sopinha, um serrabulho e o porco no espeto, para terminar uma panóplia de doces e frutas, um café e um digestivo acompanhado de uns dedos de conversa com alguns dos participantes.
De volta ao trabalho, pois ainda faltava a entrega de prémios e sorteio das rifas, nesta altura eram afixadas as classificações, confirmava-se, o Juan tinha razão, acabei por ganhar, totalizando 10960pts, tendo capturado 16 peixes, mas apenas 12 pesaram, ganhei também o prémio do maior numero de exemplares.
Em 2º lugar ficou o Mário Alves, do Independente com 9700pts, a fechar o pódio ficou o David Alexandre, do Gap Magoito, com 7070pts, para eles os meus parabéns.
Nas senhoras a vitória sorriu à Cátia Andreia com 540pts, já nos júniores o Duarte Franco, foi o único que apanhou peixe e ganhou com 410pts.
Por clubes ganhou o Gap Magoito e por equipas o Independente saiu vencedor.
O maior exemplar foi um robalo com 1,705kg capturado pelo Tiago Antunes.
A festa continuou noite fora, o Benfica sagrou-se campeão, ajudando a animar a maior parte dos participantes, eu não podia estar mais contente, não só pela vitória do Benfica, nem tanto pela minha, mas acima de tudo pelo sorriso e alegria do Juan, completamente à vontade, parecia que esta era a sua casa, plenamente integrado, isto sim é muito mais que uma vitória, veio da Suiça até cá, nem um peixe apanhou durante toda a sua estadia, mas obviamente que não podia sair de Portugal de mãos a abanar, sem duvidas que estava mais que satisfeito com tudo, valeu a pena ter vindo, o sorriso não engana.
Quero deixar uma nota de agradecimento, para todos os que tornaram este convívio num sucesso, todos os participantes, todos os patrocinadores, mas acima de tudo a esta excelente equipa de trabalho que apoia a secção de pesca da Bordinheira e faz de tudo para que não falte nada, e que no final todos saiam satisfeitos, com vontade de voltar para o ano, na companhia de mais um colega.
Depois de todos os participantes terem ido embora, o meu anfitrião, que adorou a comida portuguesa, fez questão de irmos jantar ao restaurante(como se eu tivesse fome), queria comer mais uma dose de bacalhau he he he.
Lá fomos, foi um jantar de família, o Juan assim fez questão, tinha lembranças para toda a família, chocolates suíços, em especial para o Franco Júnior fardamento para a pesca, foi uma despedida em grande.
Na 2ª feira o Juan partiu para a Suiça, tinha voo marcado às 11 da manhã, eu tive de ir trabalhar e não o pude deixar no aeroporto, mas um colega encarregou-se de o fazer por mim, às 9 da manhã estava à porta do hotel para o apanhar, depois de entrar no carro, sabem o que disse?
- César onde podemos comer Bacalhau ou um polvinho?
- A esta hora em lado nenhum!!! respondeu o César.
He He He.....
Obrigado por tudo Juan, e Mikaela também, grande momento, grande historia de vida, dificilmente vou esquecer, agora sentado no sofá, porque ainda não acabaram, a cada pedaço de chocolate que como, ainda desfruto deste magnifico fim de semana, mas quando acabarem cada vez que comer um chocolate virá à memoria esta jornada épica.
Esta assim concluída esta jornada, com um relato enorme, mas a situação assim o pedia, este domingo à mais pesca, espero que haja muito para contar, posso dizer que vou andar por mares desconhecidos, vou ao convívio da Amieirinha, Marinha Grande, depois conto tudo.
Abraços e Bons Lances.