Poderia começar este relato com a simples palavra Saudade, exactamente essa palavra unicamente portuguesa que descreve os sentimentos de perda, de falta, de distancia, aquele típico fado português, prefiro antes terminar este relato com um até já, fazendo desaparecer essa saudade.
Pois é companheiros a vida não é mesmo uma recta, muitas vezes tem curvas, umas mais ligeiras, outras por vezes apertadas, curvas essas que em certas situações nos obrigam a mudar por completo o rumo das nossas vidas.
Já faz algum tempo que esta pescaria foi realizada, foi num dos últimos fins de semana de Agosto, combinei uma pescaria com o Artur Silva e com o João Cardoso, mas à ultima da hora por motivos pessoais o Artur não pode vir.
Acabei por ir só eu e o João, mais um daqueles companheiro que acidentalmente conheci, mas com a sua simplicidade, humildade, boa disposição, companheirismo com aquela enorme paixão pela pesca que transpira, fez com que a amizade rapidamente crescesse, coisa só possível quando temos pessoas que se dão totalmente, pessoas respeitadoras, que sabem estar na vida, sem interesses nem egoísmos, tornando uma amizade duradoura, mesmo que estejamos afastados meses ou até mesmo anos.
Estava longe de pensar que esta era uma pescaria de despedida, mas a caminho do mar o João contava-me as novidades, por motivos pessoais tinha de abandonar o pais e por conseguinte abandonar a pesca, claro que depois da família o que mais lhe custava era mesmo abandonar as amizades criadas nos convívios de pesca na Bordinheira.
A vida é mesmo assim companheiro, dizia-lhe eu, em primeiro lugar está a vida familiar e profissional, só depois vem o resto, esse é o lema que devemos seguir, certamente é uma fase que passará, em breve tudo volta à normalidade.
Não falando mais em tristezas, pois tristezas não pagam dividas, vou então relatar a pescaria.
Como o mar estava manso a nossa ideia era fazer o romper da manhã nos Guiões, com o dia a começar a clarear lá estávamos nós prontos para por as bóias na agua, engodo preparado.
O pesqueiro engodado a preceito, alguns sargos deram logo sinal, conseguimos tirar meia dúzia, e perder outros tantos, mas com a claridade a aumentar o peixe desapareceu, fomos experimentando mais à direita, mais à esquerda, mais o peixe já não abundava por ali, tirando mais um peixe cada um.
Dado a falta do peixe, aliada às aguas abertas, fomos obrigados a procurar pesqueiros com mais altura de agua, onde fizesse alguma branca, onde os sargos pudessem andar a mariscar.
Depois de espreitar nos Coxos, acabamos por terminar a pescaria perto do forte de São Lourenço, num pesqueiro onde nunca tinha pescado, mas que o João já tinha boas referencias.
Curiosamente não demos com o peixe no sitio onde começamos, mas já no final da jornada em desespero de causa apostamos num local mais improvável, no meio das pedras em cima da lage, onde a agua corria bastante, mas onde andavam lá uns sargotes, ainda tiramos alguns peixes e perdemos outros, terminada a pesca com pescarias muito idênticas, chegava a hora da despedida.
Cá te esperamos para matar saudades, eu, o Ti Artur, o meu Pai e restante equipa, sabes que na Bordinheira ou em minha casa, tens sempre uma porta aberta.
Grande companheiro, não tens de te preocupar com a distancia entre os teus sonhos e a realidade, se podes sonhar, então podes realizar os teus sonhos, assim sendo despeço-me, não com um adeus, mas sim com um até já.
Boas Pedro,
ResponderEliminarMais um bonito relato, muito agradável de ler tal como já nos habituaste!
Grande companheiro de pesca que tu és!
Parabéns!
Um abraço
Ora viva Cristovão,
Eliminarobrigado pelos elogios, faço por ser um bom companheiro, coisa que não é difícil, basta ser eu mesmo.
Aquele abraço e bons lances.
Boas Pedro, grande relato onde mostra dois grandes seres humanos...
ResponderEliminarGrande abraço aos dois.
Obrigado grande Alexandre, um relato simples mas que passa a mensagem pretendida da melhor maneira.
EliminarGrande abraço e bons sargos.